Ana Paula Arnaut disserta sobre O Arquipélago da Insónia

O Arquipélago da Insónia: litanias do silêncio


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As páginas de O Arquipélago da Insónia não ecoam só personagens, temas e motivos dos romances anteriores; nelas, António Lobo Antunes parece ter conseguido o silêncio, o intimismo, (quase) completo, absoluto, que, em diversas ocasiões, disse querer alcançar. Esta sensação não decorre apenas do facto de as personagens parecerem falar para dentro de si mesmas, ou de os substantivos “silêncio” e “fantasmas” percorrerem todo o romance, ou, ainda, de a determinado momento, pela voz do autista, ficarmos a saber que “isto não é um livro, é um sonho”... e os sonhos não têm sons. Para o silêncio a que nos referimos concorre, ainda, o uso de uma linguagem substancialmente despojada do que muitos leitores classificam como ruído e que o próprio Lobo Antunes designa por “gordura” ou “banha”, referindo-se à excessiva utilização do palavrão, de metáforas, comparações, adjectivos, advérbios de modo, etc. Ao contrário dos livros anteriores, principalmente daqueles publicados até A Morte de Carlos Gardel (1994), onde proliferam imagens de variável ousadia linguística e semântica, este romance mostra um autor que, finalmente, parece ter conseguido alcançar o desejo de reduzir o livro ao osso.

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Ler a dissertação completa descarregando o ficheiro pdf no seguinte link: Ana Paula Arnaut, O Arquipélago da Insónia: litanias do silêncio.


por Ana Paula Arnaut
Faculdade de Letras /
Centro de Literatura Portuguesa
Universidade de Coimbra

[não datado]
do site: Plural Pluriel

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