Gonçalo Mira opina sobre Não É Meia Noite Quem Quer, em Fragmagens

Uma mulher regressa à casa onde cresceu, entretanto abandonada e prestes a ser vendida, para uma última visita. E é nessa casa abandonada que as recordações de infância a assaltam, remexendo no passado e questionando o presente. Estas são as linhas gerais da história de uma professora com um casamento desgastado e sem filhos, mas não é aqui que Não é meia noite quem quer se esgota. Pelo contrário. Com António Lobo Antunes a regra é quase sempre essa, a estrutura a fazer de acessório ao que realmente importa, ao que as personagens sentem, pensam e sofrem. Quando a personagem principal do romance explora a casa, o que interessa é que o leitor explore a personagem. Tem três dias para o fazer, que é o tempo em que a narrativa (nunca fico satisfeito com a aplicação deste termo a livros de Lobo Antunes) se desenrola. A escrita é a de sempre, de frases que pedem contemplação e de metáforas que fazem pensar. Não é meia noite quem quer não é muito diferente de outros livros de Lobo Antunes, mas é mais uma oportunidade de sentir a prosa de um autor incomum.



por Gonçalo Mira
02.04.2014

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