Entrevista de 2006 em Espiral do Tempo: "Exortação à vida», por Anabela Mota Ribeiro

Revista on line Espiral do Tempo nº 21
Entrevista de Anabela Mota Ribeiro
Verão 2006


Falámos dos livros. Do silêncio. Da alegria. Da guerra. Da dificuldade em dizer o amor. Da necessidade de se apropriar do coração dos homens. Falámos da sua nudez, vulnerabilidade, do medo e do desejo. E da fé que tem nos homens. A explicação do mundo de António Lobo Antunes é tão caleidoscópica como a luz da tarde. Nela cabe, agora, a felicidade. Eis o retrato de um homem que a mãe diz ter sido sempre assim. Mas o tempo passou por ele. 

«Agora já não. Ao princípio sim. Continuo a achar que os livros deviam ser publicados sem o nome de autores. Havia uma data de problemas que desapareciam. Pelo menos ao nível de competição, inveja, ciúme – tudo isso que nada tem que ver com livros e que eu entendo mal.»

*

«Havia uma certeza que eu tinha, era que se trabalhasse muito ninguém escrevia como eu. Mas depois fazia coisas muito más. Havia uma distância tão grande entre aquilo que eu sentia e os 
resultados, que eram tão pobres. Continua a haver.»

*

«Tenho agora alguma virgindade. Virgindade no olhar, uma capacidade de surpresa muito maior 
do que tinha há dez ou 15 anos. E também o amor. Demorei muito tempo a aprender o que era o amor. Amor, estou a falar em lato sensu

*

«Estava convencido de que tinha nascido para grandes feitos, que não sabia bem quais eram. Para citar o seu querido Goethe, “a nossa única grandeza possível é não chegar. Não chegar nunca”. 
Não me apetece nada falar, acho que você percebe sem eu dizer as coisas.»




nº 21 Verão 2006
fotos originais de Augusto Brázio
entrevista de Anabela Mota Ribeiro

Comentários

  1. Olá! Muito interessante esta pequena estrevista. Penso que vemos aqui um ALA quase por dentro, quase liberto da sua timidez antiga. Pronto para nascer ... é um bom ponto de vista, não é?!! Uma bela imagem!

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