Citações da crítica à edição holandesa de Caminho Como Uma Casa Em Chamas (Als Een Brandend Huis)
Por cortesia de Maria da Piedade Ferreira, transcrevemos aqui algumas citações de crítica à edição holandesa de Caminho Como Uma Casa Em Chamas, Als Een Brandend Huis. Relembramos que a edição da Ambos Anthos antecedeu a edição em português da Dom Quixote, tendo sido a estreia mundial do livro. Estas citações foram recolhidas e traduzidas por Ana Carvalho, esposa de Harrie Lemens, o tradutor em holandês da obra de António Lobo Antunes.
«Como sempre, Lobo Antunes é capaz de delinear qualquer situação através de uma imagem inesperada, por exemplo, o momento da despedida de dois amantes desiludidos (Despedimo-nos num aperto de mão de negociações políticas sem acordo.)
A maior força de Lobo Antunes é ele conseguir arrebatar o leitor com uma intensa e crescente compaixão pelas suas personagens.»
por Ger Leppers
em Trouw
«...saiu antes da edição portuguesa, graças à interferência do seu tradutor de sempre, Harrie Lemmens, que uma vez mais soube verter primorosamente para o neerlandês essa prosa tão densa.
Neste livro ele disseca com uma precisão cirúrgica a psique de um país traumatizado.
O que torna “Caminho como uma casa em chamas” num romance inconfundivelmente Lobo Antunes é o seu estilo evocativo, a esvoaçar de uma situação para a outra, mas escrito e traduzido de tal forma que o leitor jamais perde o fio da história. Os diálogos são aqui entrecortados pelos ecos do passado.
“Caminho como uma casa em chamas” lê-se como um jogo de sons, quase como o roteiro de uma produção radiofónica.»
por Ger Groot
em NRC
«António Lobo Antunes é um escritor extraordinário. Deixe-se levar pela leitura: António Lobo Antunes é um mestre da narrativa.»
por Maarten Moll
em Parool
«António Lobo Antunes escreveu um romance caleidoscópico em que não incomoda o facto de não haver praticamente enredo.
Ler António Lobo Antunes é uma escolha deliberada. Porque numa conjuntura literária em que domina a narrativa (anglosaxónica) plot driven, a sua prosa coloca outras exigências ao leitor. Exigências muito maiores. O grande crítico literário Harold Bloom disse uma vez considerar a literatura como um prazer penoso, e esta definição aplica-se plenamente à obra de ALA.
A abundância de metáforas dos seus primeiros livros deu, entretanto, lugar em romances posteriores ao estilo único que ele foi desenvolvendo com o tempo. Poder-se-ia aqui tirar da gaveta o termo stream of consciousness, mas é muito mais do que isso. Estilo único, sim, porque, na minha opinião, é impossível compará-lo com quem quer que seja. Só talvez com Faulkner, no seu manejar de vários tipos de linguagem, nos farrapos de pensamentos que ora se impõem ora se desvanecem.
Fica-se com uma estranha sensação de sincronia, como se ao lermos nos encontrássemos dentro de uma mente omnisciente de que emanam as oito mentes narradoras.
Li as primeiras páginas lentamente, voltando sempre atrás com receio de perder alguma coisa. Ora isso é o pior que se pode fazer. A prosa de Lobo Antunes exige do leitor uma entrega total. Notei que a leitura passou a fluir melhor a partir do momento em que decidi deixar-me levar pelo ritmo da voz narradora. A leitura transformou-se então numa espécie de transe, numa experiência em que pouco importa se neste romance caleidoscópico há ou não um enredo.
A prosa de Lobo Antunes provoca fortes emoções, sobretudo pela forma como ele consegue evocar imagens que nos ficam gravadas na mente. Em frases que nos tocam profundamente.
Basta de divagações: quem quiser saber do que a literatura é capaz sabe agora qual o caminho a seguir.»
por Jeroen Vullings
em Vrij Nederland
«António Lobo Antunes explora as cavernas sombrias da mente humana. Os seus romances são tão complexos como a própria vida.
Nesta polifonia ensurdecedora o passado e o presente entrecruzam-se continuamente culminando numa simultaneidade aparentemente estranha. Este método, embora brilhante, exige o máximo do leitor a quem não resta outra alternativa senão deixar-se levar pelo turbilhão da torrente de pensamentos.
Ler António Lobo Antunes (...) exige a máxima concentração, mas o que se recebe em troca compensa plenamente esse esforço.
Um romance brilhante e vertiginoso.»
por Marijke Arijs
em De Standaard
*
Um agradecimento especial da nossa parte dirigido ao casal Harrie Lemens e Ana Carvalho pela recolha destas citações.
*
«Como sempre, Lobo Antunes é capaz de delinear qualquer situação através de uma imagem inesperada, por exemplo, o momento da despedida de dois amantes desiludidos (Despedimo-nos num aperto de mão de negociações políticas sem acordo.)
A maior força de Lobo Antunes é ele conseguir arrebatar o leitor com uma intensa e crescente compaixão pelas suas personagens.»
por Ger Leppers
em Trouw
*
«...saiu antes da edição portuguesa, graças à interferência do seu tradutor de sempre, Harrie Lemmens, que uma vez mais soube verter primorosamente para o neerlandês essa prosa tão densa.
Neste livro ele disseca com uma precisão cirúrgica a psique de um país traumatizado.
O que torna “Caminho como uma casa em chamas” num romance inconfundivelmente Lobo Antunes é o seu estilo evocativo, a esvoaçar de uma situação para a outra, mas escrito e traduzido de tal forma que o leitor jamais perde o fio da história. Os diálogos são aqui entrecortados pelos ecos do passado.
“Caminho como uma casa em chamas” lê-se como um jogo de sons, quase como o roteiro de uma produção radiofónica.»
por Ger Groot
em NRC
*
«António Lobo Antunes é um escritor extraordinário. Deixe-se levar pela leitura: António Lobo Antunes é um mestre da narrativa.»
por Maarten Moll
em Parool
*
«António Lobo Antunes escreveu um romance caleidoscópico em que não incomoda o facto de não haver praticamente enredo.
Ler António Lobo Antunes é uma escolha deliberada. Porque numa conjuntura literária em que domina a narrativa (anglosaxónica) plot driven, a sua prosa coloca outras exigências ao leitor. Exigências muito maiores. O grande crítico literário Harold Bloom disse uma vez considerar a literatura como um prazer penoso, e esta definição aplica-se plenamente à obra de ALA.
A abundância de metáforas dos seus primeiros livros deu, entretanto, lugar em romances posteriores ao estilo único que ele foi desenvolvendo com o tempo. Poder-se-ia aqui tirar da gaveta o termo stream of consciousness, mas é muito mais do que isso. Estilo único, sim, porque, na minha opinião, é impossível compará-lo com quem quer que seja. Só talvez com Faulkner, no seu manejar de vários tipos de linguagem, nos farrapos de pensamentos que ora se impõem ora se desvanecem.
Fica-se com uma estranha sensação de sincronia, como se ao lermos nos encontrássemos dentro de uma mente omnisciente de que emanam as oito mentes narradoras.
Li as primeiras páginas lentamente, voltando sempre atrás com receio de perder alguma coisa. Ora isso é o pior que se pode fazer. A prosa de Lobo Antunes exige do leitor uma entrega total. Notei que a leitura passou a fluir melhor a partir do momento em que decidi deixar-me levar pelo ritmo da voz narradora. A leitura transformou-se então numa espécie de transe, numa experiência em que pouco importa se neste romance caleidoscópico há ou não um enredo.
A prosa de Lobo Antunes provoca fortes emoções, sobretudo pela forma como ele consegue evocar imagens que nos ficam gravadas na mente. Em frases que nos tocam profundamente.
Basta de divagações: quem quiser saber do que a literatura é capaz sabe agora qual o caminho a seguir.»
por Jeroen Vullings
em Vrij Nederland
*
«António Lobo Antunes explora as cavernas sombrias da mente humana. Os seus romances são tão complexos como a própria vida.
Nesta polifonia ensurdecedora o passado e o presente entrecruzam-se continuamente culminando numa simultaneidade aparentemente estranha. Este método, embora brilhante, exige o máximo do leitor a quem não resta outra alternativa senão deixar-se levar pelo turbilhão da torrente de pensamentos.
Ler António Lobo Antunes (...) exige a máxima concentração, mas o que se recebe em troca compensa plenamente esse esforço.
Um romance brilhante e vertiginoso.»
por Marijke Arijs
em De Standaard
*
Um agradecimento especial da nossa parte dirigido ao casal Harrie Lemens e Ana Carvalho pela recolha destas citações.
Comentários
Enviar um comentário