Simão Fonseca: opinião sobre Conhecimento do Inferno
Conhecimento do Inferno é a terceira obra do extenso catálogo de António Lobo Antunes a ser publicada e é também o livro que encerra uma trilogia iniciada com Memória de Elefante, seguida de Os Cus de Judas, terminada com este romance no curto espaço de um ano: 1979-1980.
A história acaba por se tornar estória e vice-versa, na medida em que – como é marca habitual do escritor – a narrativa se intercala com recordações e experiências vividas em Angola e no Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, com diálogos com a pequena Joana (a segunda filha de António Lobo Antunes, nascida em 1973, ano em que o autor regressa a Portugal) e personagens e acontecimentos fictícios. Aqui o narrador é ao mesmo tempo personagem principal e também o autor da obra: António Lobo Antunes é o nome da personagem principal, apresentando-se tanto na primeira, como na terceira pessoa.
António Lobo Antunes embarca numa viagem solitária de automóvel desde o Algarve até Lisboa, no espaço de um dia, recordando através de bastantes analepses os momentos duros que passou na Guerra Colonial de Angola como tenente médico do exército português e todas as atrocidades típicas de uma guerra sangrenta a que assistiu, desde amputações, partos e outros vários tipos de cirurgias que lhe deixaram claras marcas até hoje. A forma como a psiquiatria em Portugal e particularmente no Hospital Miguel Bombarda funcionava na época em que regressa de África, onde iniciou a carreira de psiquiatra, é o segundo ponto de foco da obra. As pobres condições de trabalho e o tratamento desumano que os pacientes internados e tratados no hospital viviam - para além de situações caricatas como a de um noivo que, para fugir ao casamento, se tenta internar – são alvo de jocosas críticas por parte do narrador/personagem/autor em cenas que, por vezes, atingem o surrealismo.
Este livro causou enorme polémica, na medida em que o autor recebeu ameaças por parte do hospital em questão e de muitos psiquiatras que se sentiram incomodados com a realidade descrita em Conhecimento do Inferno, tornando esta obra ainda mais apelativa e essencial. Quem já leu Memória de Elefante e Os Cus de Judas, vai compreendê-la melhor, embora não constituam requisito obrigatório para descer um pouco ao inferno da alma e solidão que António Lobo Antunes nos propõe.
A história acaba por se tornar estória e vice-versa, na medida em que – como é marca habitual do escritor – a narrativa se intercala com recordações e experiências vividas em Angola e no Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, com diálogos com a pequena Joana (a segunda filha de António Lobo Antunes, nascida em 1973, ano em que o autor regressa a Portugal) e personagens e acontecimentos fictícios. Aqui o narrador é ao mesmo tempo personagem principal e também o autor da obra: António Lobo Antunes é o nome da personagem principal, apresentando-se tanto na primeira, como na terceira pessoa.
António Lobo Antunes embarca numa viagem solitária de automóvel desde o Algarve até Lisboa, no espaço de um dia, recordando através de bastantes analepses os momentos duros que passou na Guerra Colonial de Angola como tenente médico do exército português e todas as atrocidades típicas de uma guerra sangrenta a que assistiu, desde amputações, partos e outros vários tipos de cirurgias que lhe deixaram claras marcas até hoje. A forma como a psiquiatria em Portugal e particularmente no Hospital Miguel Bombarda funcionava na época em que regressa de África, onde iniciou a carreira de psiquiatra, é o segundo ponto de foco da obra. As pobres condições de trabalho e o tratamento desumano que os pacientes internados e tratados no hospital viviam - para além de situações caricatas como a de um noivo que, para fugir ao casamento, se tenta internar – são alvo de jocosas críticas por parte do narrador/personagem/autor em cenas que, por vezes, atingem o surrealismo.
Este livro causou enorme polémica, na medida em que o autor recebeu ameaças por parte do hospital em questão e de muitos psiquiatras que se sentiram incomodados com a realidade descrita em Conhecimento do Inferno, tornando esta obra ainda mais apelativa e essencial. Quem já leu Memória de Elefante e Os Cus de Judas, vai compreendê-la melhor, embora não constituam requisito obrigatório para descer um pouco ao inferno da alma e solidão que António Lobo Antunes nos propõe.
Simão Fonseca
01.02.2011
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