Susana de Carvalho sobre Eu Hei-de Amar Uma Pedra: «o amor como resistência espiritual em António Lobo Antunes e o diálogo com Andrei Tarkovsky»
Eu hei-de amar uma pedra : o amor como resistência espiritual em António Lobo Antunes e o diálogo com Andrei Tarkovsky A obra Eu hei-de amar uma pedra , de António Lobo Antunes, é uma das expressões mais poéticas e simbólicas da literatura portuguesa contemporânea. O título, retirado de uma moda alentejana popular, já anuncia a sua tensão fundamental: a tentativa de amar o inanimado, o desejo de dar afeto àquilo que não pode retribuir. Neste texto, Lobo Antunes transforma uma simples canção tradicional num profundo exercício de reflexão sobre o amor, a solidão e a condição humana, explorando as fronteiras entre a emoção e o silêncio, o humano e o inerte, o sensível e o indiferente. A expressão que dá o título à obra tem origem numa moda alentejana caracterizada pela declaração do eu poético, que prefere amar uma pedra a continuar amando alguém falso ou indiferente — uma metáfora de resignação e de teimosia afectiva. Um canto tradicional distinguido pela sua melancolia, lentidão e profu...
 
 
 
 
 
 
