Da leitora Maria Valentina Mendes: «Caro António»

Caro António

Desculpe tratá-lo assim, mas faço-o em nome de um encontro juvenil que tivemos em 1958, do qual certamente se não recorda, e que em mim deixou uma agradável lembrança (50 anos é assim tanto tempo?...). No Carnaval desse ano, fui na companhia do meu irmão mais novo, colega e amigo do seu irmão João no “Camões”, a um “assalto” na vossa casa em Benfica.

Eu, que perdera uns meses antes o meu avô materno, o único que conheci, médico e republicano a quem venerava, e cursava já o 6º ano de História, sentia-me um pouco deslocada, com os meus 16 anos, nessa reunião de jovens “miúdos”. O António, não sei se o mais velho dos rapazes, mas pela certa o mais “adulto” …nos seus 15 anos, aproximou-se de mim, começámos a conversar e assim ficámos durante todo o tempo que a festa durou. Diverti-me imenso com o seu humor irreverente e o estilo um tanto “enfant terrible” !!!

Nunca mais nos voltámos a ver, porém quando publicou o primeiro livro passei a acompanhar a sua actividade de escritor, hoje justamente consagrado como um dos maiores da nossa língua.

Ao ler a “Crónica do Hospital” na “Visão” de 12 do corrente, recordei este pequeno episódio e senti vontade de lhe agradecer a lufada de ar fresco que então trouxe até mim com a sua presença, desejando que, vencida a tempestade, a Primavera traga, não só para os “pardais” mas também para si, um merecido e bem-aventurado futuro!

Bia


Maria Valentina Mendes
e-mail de 21.04.2007

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